Uma marca da Guerra
"Filas de rostos pálidos murmurando, máscaras de medo,
Eles deixam as trincheiras, subindo pela borda,
Enquanto o tempo bate sozinho, apressado nos pulsos,
E a esperança de olhos furtivos e punhos cerrados,
Naufraga na lama, ó Jesus, fazei com que isso acabe!"
Novembro de 1918, Costa do Canal, em Flandres, França.
Vi o que um ser humano normal nunca viu, aprendi a conviver lado a lado com a morte, a chorar sem ser ouvido e compartilhar-me com a solidão.
Em meio ao incessante bombardeio de artilharia, observava milhões de homens ficando uns diante dos outros nos parapeitos de trincheiras barricadas com sacos de areia, sob as quais viviam como- e com- ratos e piolhos. Estávamos vivendo em um caos de crateras de granadas inundadas de água, tocos de árvores calcinadas, lama e cadáveres abandonados, avançávamos sobre as metralhadoras com muito medo para que não pudéssemos ser ceifados, como acontecia com muitos companheiros.
Com essa "Grande Guerra", terrível e traumática, perdemos muito de nossos homens em idade militar, prisioneiros de guerra, feridos e os permanentes estropiados e desfigurados- os "gueules cassés" (caras quebradas), perdemos uma geração inteira.
Malditos alemães derramaram banhos de sangue, e levaram gás venenoso ao campo de batalha, bárbaros e frios são esses alemães, destruíram famílias , lares e sonhos de muitos.
Em março de 1918, após o tratado de Brest- Litovsky o exército alemão se achando livre invade a nossa majestosa Paris. Mas nós, bravos e corajosos, os Aliados, com a grande ajuda de equipamentos americanos nos recuperamos, mesmo que por quase um triz.
Perdemos 2 milhões e hectares de terreno agrícola além de meio milhão de hectares de floresta devastadas. Contraímos muitas dívidas com os EUA que talvez jamais possamos pagar.
Agora, o que queremos? Simplesmente acordar desse pesadelo, reerguer nosso país. Compensar nossa inevitável inferioridade demográfica e econômica frente à Alemanha e partirmos rumo à um futuro da França como uma grande potência. Embora, pareça que esse pesadelo está longe de seu fim.
Produção de Amanda Lemos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário