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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Plano B.

O filme Plano B, dirigido por Alan Poul, vive um paradoxo que tem marcado as obras americanas que tratam da família. Por um lado, tem elementos temáticos contemporâneos – a inseminação artificial, as novas configurações que a família vem tomando. Por outro, adota uma estética conservadora, e conduz aqueles temas rumo a uma moralidade conservadora.


O próprio ponto de partida da história nos fala daquela intenção de parecer contemporânea que marca a obra. Zoe (Jennifer Lopez) desistiu de encontrar o homem ideal, mas quer ser mãe. Decide, então, pela inseminação artificial. No próprio dia em que realiza a primeira sessão do processo, conhece o cara de sua vida, Stan (Alex O’Loughlin). E pouco depois de começar um intenso relacionamento com ele, descobre que a inseminação deu resultado e que está grávida.




Sob esse tema aparentemente contemporâneo está um enredo que já encontramos em dúzias de outros filmes românticos. A tal da inseminação é pretexto; na verdade, Plano B conta a história de personagens que têm dificuldade em assumir seus próprios sentimentos. Zoe (ironicamente, as origens do nome se relacionam à ideia de “vida”, “ser”, “existência”) sistematicamente afasta as pessoas que se aproximam dela. Stan aceita a aproximação, mas não é amadurecido o suficiente para levá-la à frente. Mais do que o problema que aparentemente pode afastá-los, o que conduz o filme à frente é a aprendizagem desses dois, a maneira como lutam para se tornarem adultos e, na nova condição, serem capazes de aceitar o amor.


Plano B, essencialmente, é apenas plataforma para a promissora carreira de Jennifer Lopez. Não é à toa que seu parceiro de tela é um artista sem a menor fama. Também o diretor é menor – estrela que se preza não pode ter outro nome competindo com ela nos créditos. A pouca experiência de Alan Poul (Plano B é seu primeiro longa, até então sua carreira havia ocorrido na TV) prejudica o filme. É daquelas obras que parecem não precisar da tela grande, que ficarão muito bem numa televisão pequena. Sua linguagem é aquela diluição acadêmica a que a TV conduziu os realismos clássicos, tudo bem mastigado para o espectador não precisar se concentrar muito, um monte de lugares-comuns, dosagem-padrão de drama e comédia. De quebra, se queria discutir a contemporaneidade, Plano B teria mais sentido se tivéssemos intérpretes com cara de gente-como-a-gente – tanto Lopez quanto O’Loughlin são belos e deliciosos demais para acreditarmos neles nessa história.

Apesar de tudo isso, Plano B sobrevive. Talvez não o faça por seus méritos, mas pela capacidade que tem de dialogar com o público de hoje. O principal elemento da dificuldade afetiva de Zoe é sua incapacidade de confiar. Nesse sentido, ela se apresenta ao espectador como representação de um mal de nossa época. Zoe e Stan precisam optar entre preservar seus territórios de segurança e arriscar-se no espaço desconhecido que é a relação com o outro. É possível que em tempos menos individualistas e mais altruístas Plano B não tenha efeito algum sobre o espectador. Nos dias de hoje, contudo, mais marcados pelo individualismo e o egoísmo, ele pode constituir um bom espelho de muita gente no público e no drama de sua solidão


Fonte: Site:


Espelho para os solitários?
Talvez, mas concerteza é um filme que vai atrair quem teme se arriscar no espaço desconhecido que é a relação com o outro. Pois é... Há quem considere uma auto-ajuda, ou terapia contemporânea.

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Aqui não se conta tudo, porque o tudo é um oco, é um nada. Se conta somente, e o somente não necessita de explicação.

Amanda Lemos